quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Jorginho, o Justiceiro


A Justiça (assim mesmo com “J” maiúsculo) é a obsessão de Jorginho, pelo que a sua magia acontece quando os pratos da balança se posicionam à mesma distância do eixo horizontal.
O seu espírito buscador da paz e da ordem, impele-o a praticar um futebol generoso, ao ponto de, com elevada frequência, repartir a posse de bola com os seus comparsas, perdendo chances de arrebimbar o malho forte e feio, com a mesma intencionalidade com que um dia contribuirá para enviar gandulos para trás das grades da delegacia.
Não obstante, em Jorginho não deixa de residir uma essência felina, que o mesmo aplica com mestria, nomeadamente conjugando uma intensa discrição com o ressurgimento no momento fatal, essencialmente marcando golos ao segundo poste, após os quais rejubila como se de o envio de um meliante para o cárcere se tratasse.
Na sua eterna demanda pelo equilíbrio, compensa o tímido sentido de iniciativa imprimindo fluidez no ataque de outra forma: recorrendo a uma intensa lateralização por via do passe curto, raramente segurando a redondinha por mais tempo do que o diabo leva a esfregar um olho, mas cedendo-a com mestria.
A todos os níveis, deita água na fervura e está apaixonado por isso.
Estóico no ser e no agir, a cada passo que dá, Jorginho filosofa, dado que toda e cada acção sua é cruamente e sem artifícios decalcada da sua rígida filosofia de vida! Concretizando, Jorginho continuamente se questiona sobre a realidade com que se depara em campo e, à dúvida, contrapõe com a busca da certeza sugerida pelo ensinamento histórico, filosofando de forma historicamente transversal, pois da antiguidade bebeu o sumo da vaidade espartana e a lealdade do direito romano, revelando-os na sua postura comedida mas fulcral e no “joga-justo” que brota de si mesmo nos momentos mais improváveis.

Sem comentários: